quinta-feira, 18 de outubro de 2007

amarelo-tóxico

Não tendo tempo disponível para dedicar a produção própria garantindo um mínimo de qualidade compatível com o grau de exigência das elites que convidarei para leitores do meu blog, optei por escolher para texto de estreia um excerto de um artigo do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho. Este texto insere-se na sua actividade de guru intelectual e consciência da direita conservadora brasileira, a qual actividade, dado a quase inexistência da referida direita conservadora brasileira e a praticamente total dominação dos meios de comunicação social por parte da esquerda petista, tem qualquer coisa de quixotesco. Trata-se duma pessoa de enorme cultura e abrangência de conhecimentos, a tal ponto que às vezes é difícil acreditar no que diz.
"...Uma reunião entre o líder religioso budista e o presidente dos EUA causa menos preocupações aos generais de Pequim do que o novo desenho da Disney, “Os Dez Mandamentos”, que arrisca engrossar a onda avassaladora de conversões de chineses ao cristianismo (se bem que a produtora proibiu o nome “Deus” nos cartazes do filme).
As expectativas otimistas quanto ao apoio que Washington pode dar ao Tibete são da mesma ordem daquelas previsões que, uma década e meia atrás, juravam que a abertura à economia de mercado acabaria por democratizar o regime chinês. O 17º. Congresso do Partido Comunista da China, antecedido da tradicional e infalível onda de prisões de dissidentes, está aí para mostrar que as relações entre economia e poder político não obedecem à lógica linear dos administradores de empresas, mas a um jogo dialético sutil no qual os comunistas ainda são os maiores experts.
Por falar em 17º. Congresso, é bom lembrar que partidos comunistas de linha chinesa existem e atuam livremente em todas as democracias ocidentais, sem que jamais ocorra a seus adversários liberais e conservadores a idéia óbvia -- e moralmente obrigatória -- de responsabilizá-los judicialmente pela cumplicidade com os maiores crimes contra a humanidade já cometidos por algum governo deste mundo.
No Brasil, o PC do B continua a derramar lágrimas de crocodilo por conta de umas dúzias de terroristas mortos pela ditadura, ao mesmo tempo que cospe na memória dos milhões de vítimas civis de Stalin e Mao Dzedong, celebrando estes dois ogros como heróis, libertadores e quase santos.
O culto lamuriento aos “nossos mortos”, coexistindo com o soberbo e indisfarçado desprezo aos cadáveres do outro lado, é um dos traços mais salientes da mentalidade comunista e a prova cabal de que ela desconhece por inteiro a compaixão e o amor ao próximo, embora saiba usar seus sinais exteriores para efeito de propaganda quando lhe convém.
A tolerância obscena de tantos liberais e conservadores para com essa conduta sociopática faz com que eles compartilhem da sua abjeção e percam o restinho de dignidade que poderia diferenciá-los dos comunistas.
Pois os nossos senadores, xingados de servos do imperialismo por Hugo Chávez, não se apressaram em aplacar a ira do ditador venezuelano, mostrando subserviência ao comunismo internacional mediante uma homenagem imoral e descabida a Che Guevara, talvez por se identificarem, no fundo, com esse príncipe dos covardes?
No Brasil como no mundo, a mistura da ambição ilimitada de uns com a cumplicidade pusilânime de outros é a fórmula infalível de todas as desgraças."

Para quem quiser ler o texto na íntegra, deixo aqui o link: http://www.olavodecarvalho.org/semana/071017dce.html

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